Na pré-história, aquela parte da História da Humanidade em
que não existiam telemóveis nem internet, as pessoas 'perdiam' imenso tempo dos
seus dias de pasmaceira (repito: não havia internet) numa actividade
absolutamente patética: a conversa.
Envolvia no mínimo duas pessoas que (pasme-se!) podiam até
nem se conhecer de lado nenhum e simplesmente 'metiam conversa' a propósito de
algo que se estava a passar no momento, e durante um espaço de tempo mais ou
menos longo, trocavam ideias e opiniões e contrapunham outras ideias e outras
opiniões ... e assim 'passavam o tempo'.
Lembro-me de apanhar todas as manhãs o mesmo comboio para ir
para o liceu. Na carruagem onde ia sempre, toda ou quase toda a gente se
conhecia, nem que fosse só de vista, e nos dias de acontecimentos importantes,
como os jogos de futebol ou debates políticos a sério (outra coisa de saudosa
memória) ou festivais da canção, toda a gente entrava na conversa, e lá ia
opinando e contra-opinando, como se de
um grupo de amigos se tratasse.
Vem toda esta 'conversa' a propósito de dizerem para aí que
esse tempo de conversa com os outros, essa interacção, ainda que curta no
tempo, tem um grande poder sobre o nosso estado de espírito. Ao que parece,
conversar e, mais ainda, conversar sobre temas que nos interessam (não
exactamente o estado do tempo, ou o atraso do metro), mesmo que seja com
pessoas que conhecemos pouco ou nada, faz-nos sentir mais felizes.
Se pensarem um bocadinho, provavelmente vão perceber de que falam estes senhores. Porque, de facto, depois de uma conversa engraçada,
apaixonada ou interessante, vem um sentimento de leveza e bem estar que não é
mais do que pura felicidade (com letra minúscula mas ainda assim, boa de
sentir).
Portanto, fica a sugestão: hoje, conversem! Mas conversem a
sério. Olhos nos olhos. Com um amigo, colega, conhecido ou com um completo
estranho (eu sei que isto de 'meter conversa' é encarado como um desporto
radical, mas o resultado final é ainda mais compensador) mas conversem.
E sejam
felizes!
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